...e esgravata.

sábado, 29 de março de 2008

da insónia. do sonho. da inquietude. da dúvida. do amor. e tudo mais.













"Une vieille maîtraisse", 2007
Catherine Breillat



...e do amor...? só a minha inocência o sabe. e a tua devassidão...
não será que a pode envenenar?

sábado, 22 de março de 2008

___________________postcards from italy.

The times we had
Oh, when the wind would blow with rain and snow
Were not all bad
We put our feet just where they had, had to go
Never to go
The shattered soul
Following close but nearly twice as slow
In my good times
There were always golden rocks to throw
at those who admit defeat too late
Those were our times, those were our times
And I will love to see that day
That day is mine
When she will marry me outside with the willow trees
And play the songs we made
They made me so
And I would love to see that day
Her day was mine

_____________________n.º 403.




"Hotel Chevalier" [+ The Darjeeling Limited], 2007;

Wes Andersen




sexta-feira, 21 de março de 2008

___________________________please.

























- please, come with me...
- I can't, I can't...
-please, come with me...
- don't call me Violet, please. I can't 'cause you still call me Violet.
-please, come with me...

____________________________#.















Transplantado, incoerente, implantado, 2006

Susanne S. D. Themlitz.


___________________do frio.






















Typist, 1954
Robert Doisneau.








Porque a chuva traz de enxurrada a nostalgia e a melancolia, ponho a tocar um disco velhinho da Senhora Nina Simone. Sim, é um disco velhinho que me apetece ouvir, daqueles que vão soltando estalinhos quando a agulha do gira-discos desliza. Good vibes in a bad mood. Ela começa a cantar e eu, de forma indecente, junto a minha voz à dela, e juntas. em mútua solidariedade feminina gozo comigo própria, de pingo no nariz e, juntas, em uníssono, cantamos efusivamente a nossa triste pena...a música que passa:

I ain't got no home, ain't got no shoes Ain't got no money, Ain't got no clothes Ain't got no perfume, Ain't got no skirts Ain't got no sweaters, Ain't got no smokes Ain't got no god. Ain't got no father, Ain't got no mother Ain't got no sisters, i've got one brother Ain't got no land, Ain't got no country Ain't got no freedom, Ain't got no god, Ain't got no mind, Ain't got no earth, Ain't got no students Ain't got no father, Ain't got no mother Ain't got no sweets, Ain't got no ticket Ain't got no token, Ain't got no mind Ain't got no land.

e inspiro para recuperar a fôlego...
continuo, rindo-me de mim própria com a Senhora Nina e juntas,
prosseguimos, então:

But there is something i've got,
there is something i've got,
there is something i've got,
nobody can take it away...

Got my hair on my head
Got my brains, Got my ears
Got my eyes, Got my nose...


«Got my quê???» -pergunto-lhe indignada. Got quê, Srª. Nina? Eu não goto nada?

Já sem a minha voz de Lula Pena, continua Nina, de nariz empinado ultra-snob, sentindo-se
a maior de todas as divas, e pela primeira vez quer passar-me a perna julgando-se maior do que eu!


I Got my mouth, I got my smile
I got my tongue, Got my chin
Got my neck, Got my boobies
Got my heart, Got my soul
Got my back, I got my sex

I got my arms, my hands, my fingers,
my legs, my feet, my toes,
and my liver, got my blood..


Por favor, Nina, tende piedade de mim, não vá mais longe, por favor!!
Rogo-lhe, enquanto ela continua... sem pudor ou qualquer tipo de comiseração:

I got life, i've got life's, i've got headaches,
and toothaches and bad times too like you ...

Ó Nina, respeite-me por favor, sim?!!! Tolinha descarada!! Não tem vergonha desse orgulho?!!
Por favor, tenha piedade de mim... que...
tenho os dedos enregelados,
as mãos escondidas em luvas e mais luvas
cabeça enterrada em gorros e chapéus para me abrigarem da chuva e do frio,
ouvidos tapados pelos cabelos,
a pele desidratada, estalada e com fissuras, porque a geada queima.
Visto o kispo impermeável,
porque chove e faz frio.
Tenho os lábios gretados e gelo a cobrir-me a boca e pestanas;
neve branca nos pensamentos.
Hipotermia, desidratação e cansaço. Um enorme cansaço.
Esmagada pelo nevoeiro cerrado, perco o sentido da orientação. Estarei eu girar ao contrário ?.
A roupa pesa. Exerce mais peso no corpo em dias de frio, o meu peito vai enfraquecendo pelo esforço acrescedido que a ginástica da respiração exige em dias de frio intenso.

De mim, não sai nada. espirros, apenas. e pingos do nariz. mais nada. nada mais me sai.
Os dedos raramente se atrevem a sair do casulo das luvas e do peito, apenas expecturação. me sai. mais nada.
Do cérebro... brancas, sucessivas: uma branca, duas brancas, três brancas e outras brancas oferecidas pelo maldito Fyodor
Dotoyevsky e mais dia menos dia, do couro cabeludo as primeiras barncas, que me darão o prazer de anunciar outro peso . o da idade. enquanto não chegam, espero um qualquer resquício de pólen largado por uma abelha na réstia de um dia de sol... que parece tardar.


E Nina, canta. Canta Nina, Nina...

Got my hair on my head
Got my brains, Got my ears
Got my eyes, Got my nose
Got my mouth, I got my smile
I got my tongue, Got my chin
Got my neck, Got my boobies
Got my heart, Got my soul
Got my back, I got my sex

I got my arms, my hands, my fingers,
my legs, my feet, my toes,
and my liver, got my blood..


Eu estou sem uma gota de sangue, deve ser do frio...


I got life, and i'm going to keep it
as long as i want it, I got life.....


heart, soul
heart, soul






. Nina, Nina, estava a ir tão bem e agora faz-me isto. Condooa-se por favor.

...

Tudo isto para dizer que invejo aquela mafarrica da foto sentada à beira do Sena num dia de sol, ameno.
Se não estivesse tanto frio tirava as mãos dos bolsos e roía as unhas, - será da inveja ou do ciúme, quem será o destinatário?
É que para além do óbvio que a fotografia revela, parece que a senhora já redigiu pelo menos entre quatro a sete linhas de texto. E eu,... ainda estou à espera que o Inverno entretanto passe e que uma qualquer andorinha me traga no bico uma haste ou uma pequena raiz de inspiração, e já agora, com ela ...a vontade de escrever.
















Otto e mezzo, 1963
Frederico Fellini.





como o compreendo... estávamos bem um para o outro...















The fortune teller, 1951
Robert Doisneau.



Enfim, para o caso de a andorinha não chegar, não terei outro remédio senão subornar a sorte.


'Cause, I got life, and i'm going to keep it
as long as i want it, I got life...


quinta-feira, 20 de março de 2008

_________________às avessas com o avesso.

iv et euq me aid o edseD
mes asac ed rias ogisnoc oãn
setna
!ohlepse oa ,edadiav ahnim a racoter
missa are oãn Eu
( missa uos oãn)
satlov sa em-et-sacorT
radna adiv ahnim a ojeV
...sárt arap
-osseva od em-otniS-
mim me euq otiefe o sêV
? sacovorp
ohlepse o sepluc oãN
-!oirártnoc oa odut sednetnE-
sadneerpmoc em àj missa euq res edoP
,otnatne oN
ret euq áh
...metnem sohlepse so ...euqrop ,odadiuC
em émbmat ue e
onagne
(...sezev sà) otnim e






















On Being an Angel, s.d.
Francesca Woodman


trocaste-me as voltas. os sentidos.
sinto a cabeça andar à roda. e tudo fica.
de pernas para o ar.tem graça.é giro.
ser giro.e girar.ver tudo girar.
ao contrário.





________________________segredo-te que:



era assim:

queres?

queres algo?

queres desejar?

desejas querer?

desejas-me?

desejas querer-me?

queres desejar-me?

queres querer-me?

queres que te deseje?

desejas que te queira?

queres que te queira?


quanto me

queres?
  quanto me

desejas?


ah quanto te quero

quando te quero

quando me Queres...



Era assim de Ana Hatherly
in "um calculador de improbabilidades". Quimera, 2001.

________________________dos sonhos.


# Primeiro, sonhei contigo;

# Depois, contigo sonhei;

e juntos partilhámos

# sonhos...














.Deanne Cheuk.





...sonhos cor-de-rosa.


_______________________d'ella














Stars shining bright above you
Night breezes seem to whisper "i love you"
Birds singin’ in the sycamore trees
Dream a little dream of me

Say nighty-night and kiss me
Just hold me tight and tell me you’ll miss me
While I’m alone and blue as can be
Dream a little dream of me

Stars fading but I linger on dear
Still craving your kiss
I’m longin’ to linger till dawn dear
Just saying this

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me


Stars shining up above you
Night breezes seem to whisper "i love you"
Birds singin’ in the sycamore trees
Dream a little dream of me

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me
Yes, dream a little dream of me.

quarta-feira, 19 de março de 2008

o espaço do tempo e o tempo do espaço. quem os habita?















So different... and Yet
, 1980.

James Coleman.


_____________________lugar-comum.

- Olha, por aqui?! O que é que estás aqui a fazer... Não sabia que estavas por cá?
- Há quanto tempo...
-Estás na mesma! O que é feito de ti?
-...

[silogismo(s.) com.prováveis: "contra factos não há argumentos"
ou: "o essencial é invisível aos olhos"]

____________________do avesso.





















_____________«le corps sublimé.»

sexta-feira, 14 de março de 2008

________________no more tears

Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa da minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos

no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos grande
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar

Adília Lopes

jaz.mim_tu... aqui, deixara de o ser.

à espreita de fa|c|to & gravata.

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