...e esgravata.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

registo factual '09.

.

.

.

Confirmação da minha suspeita: Ratzinger fez backing vocals para o jingle do Pingo Doce.

.

.

.

pai, por que me abandonaste...




.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.


"Persepolis", 2007,
de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi.*


Querido Deus, rogo-te encarecidamente que mantenhas o teu filho, o nosso menino Jesus Cristo, de castigo para meu eterno descanso, de preferência nas palhinhas estendido ou nas palhinhas deitado, ou até mesmo sentado à direita do Pai, quietinho, compostinho, aprumadinho e comportadinho, seguindo o preceito das Sagradas Escrituras ; como queiras. desde que figure a mosquinha morta, por mim, tudo bem. Vá lá, Deus... eu nem te peço muito... bem sei que é feio um filho sobrepor-se ao pai nas ordenações, (ainda para mais sendo eu uma filha - gaja [termo execrável], e não propriamente um filho varão - bem sei...), bem sei que a coisa assim se complica - bem sei..., bem sei, também, que o velhinho és tu, e és tu quem necessita de descanso, paz e sossego... mas Pai, prefiro Jesusinho Super Star refastelado, omnipotente, omnipresente, e sobretudo omnisciente, interpretando-o a si, Deus, na perfeição, a menino traquina. Repito: prefiro Deus nosso senhor Jesus Cristo desempenhando o papel de menino Jesus a Stand Up Comediant - não tivesse o Senhor Padre Faria recusado o tradicional beijinho no pé na missa do galo e ter-lhe-ia arrancado não um, mas os dois pés roliços com os dentes. Este ano o puto foi arisca demais . agora já tarde. Agora, escusa-se de armar em bom, redimindo-se da culpa, pois não se livra me prestar contas, um dia. Até lá...Enquanto esse dia não chegar não lhe dirijo a mais a palavra - diz-Lhe.















.
[*]
.', agora que já gozas do privilégio de estar aí, pertinho dele, diante de Sua presença, dá-lhe um beliscão naquele rabiosque rechonchudinho, esburaca-lhe uma das bochechinhas, e arranca-lhe um dos caracolinhos do cabelito por mim... faz-me este favor, por amor de Deus.
.

desejo [mais] um bom ano [de preferência] novo [se não causar transtorno].


.
..
.
.
.
.
.
.
.
.
Credo p/ 2010: wash my sin away... 'cause there is no sin except stupidity*.
.
[*]Palavra da Salvação. Graças a Deus.
.
.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

snuggle in, sweetie. it's cold out there.


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

.
[*]Edward Scissorhands", 1990
Tim Burton



my sweet 'cotton club' mood-...--¨¨--_..¨¨


La vallée des cloches, Maurice Ravel* Thank you, Come Again, Enrico Rava* Still Am Tresen , Bohren & der Club of Gore* Retrato em Preto Y Branco, Enrico Rava e Steffano Bollani* Metamorphosis, Philip Glass* Schönes Mädchen, Hauschka* Le Cygne, Maurice Ravel* Symphony nº 5, G. Mahler* Prelude n°1 in C Major, Johann Sebastian Bach* Man with Harmonica , Ennio Morricone* Unknown Legend [Neil Young], Tunde Adembipe *Wild is the wind, Nina Simone* Snookered, Dan Deacon* Uli, Mein Ponyhof Carl Craig & Moritz von Oswald* Beautiful Boyz, CocoRosie* Sometimes I Feel Like A Motherless Child, Jimmy Scott* Alliance [Around Robert Wyatt-Orchestre National de Jazz], Camille* L’âme des poètes, Sérgio Godinho


[...]

Tears in The Typing Pool, Broadcast
Sirens, Jana Hunter
Crown of Love, The Arcade Fire
Lose Your Soul, Dead Man's Bones
Bird Song Intro, Florence and The Machine
Watch Her Disappear, Tom Waits

«You see, before he came down here, it never snowed. And afterwards, it did. If he weren't up there now... I don't think it would be snowing. Sometimes you can still catch me dancing in it».


[...]

Give It Up, Lee Dorsey
Claps Hands, Tom Waits

(All Of A Sudden) My Heart Sings, Duke Ellington
Feeling Good, Nina Simone

Changes, David Bowie
There is a light that never goes out, The Smiths
A Change is gonna come, Sam Cooke
Dove, Cymande
Buster Rides Again, Martin Medeski & Wood
Life On Mars, Seu Jorge
.
[...]



Call of the Wild, Jimi Tenor * My Old Flame, Charlie Parker & Miles Davis* Dance Squared, Dave Brubeck* Take Five , Dave Brubeck* The Dropper, Medeski Martin & Wood* A Go Go, Medeski, Scofield, Martin & Wood* Something's On Your Mind, Miles Davis *Why Shouldn’t I, Lee Wiley* In A Mellow Tone, Count Basie* Magic Flea, Count Basie * True Enemies and False Friends, Klimek * Ruby My Dear, Thelonious Monk* Tenderly, Chet Baker* Green Rain, Shugo Tokumaru* Swing Tree, Discovery
.
It’s on everything, Akira Kosemura [p/ Ricardo S. Carvalho]
.
Teenage Whore, Dinossaurs Feathers* Girls,Takagi Masakatsu* Elle, Mari Boine* Bloomy Girls, Takagi Masakatsu * Planet Gibbous, The Hypnotic Brass Ensemble* Waterhole Blues, Eric Biondo* Ow!, Roy Hargrove & Art Farmer * Recorda Me, Art Farmer Quartet* End Of The Road, The Quantic Soul Orchestra* Catégorie Bukowski, Vicent Delerm*



.








.
[*].


Sea of Love, Tom Waits
Chocolate Jesus, Tom Waits
Gideon's Bible , John Cale
Werewolf, Cat Power
Overnight, Gonzales
Singalong, Gonzales,
The Piano Sequence [Zabriskie Point Soundtrack], Pink Floyd














[*]
.
.
At Last, Glenn Miller & His Orchestra* I'm Getting Sentimental Over You, Tommy Dorsey* These Foolish Things, Chet Baker* Oh! You Pretty Things, Au Revoir Simone *Let's Make Love Theme [Cole Porter], Marilyn Monroe & Frankie Vaughan *Body and Soul, Benny Goodman *As Gotas, Nicola Conte & Roasália Souza* Kind Of Sunshine, Nicola Conte & Lucia Minetti* Pink Panther Theme, Henry Mancini







Parachute, Shugo Tokumaru
Micro Disneycal World Tour, Cornelius
Jesus Loves Me, CocoRosie





[...]

The Ice Dance [Edward Scissorhands Soundtrack], Danny Elfman

shhuu...





Halellujah, a new child is born!



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

consciência ecológica.













Trocar os aquecedores, agasalhos, meias e collants incómodos por um twist no Jack Rabbit Slims até escaldarmos os pés na pista de dança, juntos.




My Name's Breezy, Make the Girl Dance * Physical, The Glimmers* Tricky - Puppy Toy* And Then He Kissed Me, Flying Lizards * Baby (Deep Soul 45), Phenomenal Handclap Band * Scientist of Love, Jessie Evans * Ready for the Floor, Lissy Trullie (Hot Chip Cover) *Love Comes Close, Cold Cave* Kelly Watch The Stars, Air (Moog Cookbook Remix)* Infinity, The XX.

-¨¨¨...

I'll Never Let You Go, 24 Carat Black * Moving-Grooving, Little Francisco Greaves [Panama!3]* Other End, Vega * You never can tell (C'est la vie), Chuck Berry* Heart of Soul, Northern Soul*You're the top - Cary Grant & Ginny Simms * In the Mood , Glenn Miller * I Wish, Stevie Wonder * Let's stay together, All Green * Yummy Yummy Yummy, Julie London * Sugar, Lee Wiley & Eddie Condon * Fever, Peggy Lee * Let's Get Lost, Chet Baker * Changes, Cymande * Loving you, Minnie Riperton * Sexual Healing, Marvin Gaye * Move on up, The Jam * Here's a Star, Neon Indian * Watching The Planets, The Flaming Lips* Feel it all around, Washed Out * Two Dancers, Wild Beasts * Doing It Right video, The Go! Team* Game Is My Middle Name, Betty Davis * Make the feeling go away, Billie Davis * Surprise Hotel, Fool's Gold,(Memory Tapes Remix) * Bonnie & Clyde, Brigitte Bardot & Serge Gainsbourg * Lover, Lover, Lover, Leonard Cohen * Superstar, Sonic Youth * Let's Ride, Gonzales * Outta Space, Jimi Tenor * Cosmological Constancy, Kelley Pollar * Des étoiles electroniques, Stereolab * Désir, désir, Vincent Delerm & Irène Jacob * Beat No. 3, Ennio Morricone * Le Soleil Est Près De Moi, Air* Collapsing at your doorstep, Air France * Catavento, Dave Grusin* You make me weak at the knees, Electrelane* Me I Say Yes, Jimi Tenor & Kabu Kabu*The Call of the Wild, Jimi Tenor.

-.. - -..



__________________________________________________________________________Made off, don't stray. Well, my kind's your kind, I'll stay the same . Pack up don't stray. Oh, say, say, say. Wait.
.
.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

de passagem.



2 colunas, 12 linhas e 60 caracteres, aproximadamente, afiguram-se-nos como um corpo de texto franzino receando as represálias dos matulões por coroar o cabeçalho da pág. 12 do suplemento "P2" de hoje. Henrique Pousão merecia mais; muito muito mais. mais tinta, letra, palavra, cuidado, imagem e divulgação. Ainda assim, não me queixo: considerar a hipótese de eventuais leitores, mais atentos, lhe terem dedicado 5 segs. de atenção já é um feito. gostei, apesar de tudo. Apesar da relevância minúscula atribuída por muitos letrados a um dos nomes maiores do modernismo. Pousão, assim se chamava, o Cézanne português*.
.
.
[*] se o compararmos com aqueloutro nome de referência pode ser que lhe seja dada a devida atenção. fomos sempre prodigiosos a perder tempo na comparação das coisas. se bem que neste caso até fazia algum sentido...
.
.
[*]

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

honey, don't cry for nothing. i'm home...








































"The Awful Truth", 1937;
Leo McCarey.


.
.
my sweet 'cotton club' mood:

____________________________"El Perro", Juana Molina--_..¨¨ "Good Morning Heartache", Billie Holiday-.._- "Wake", The Antlers-_---..¨¨ "Norway" Beach House-_--.. "Mary", Taxi Taxi!-_--..¨¨ "I sing, I swim", Seabear-_..¨¨ "Ev'ry time we say goodbye", Nina Simone--..¨"Down the steps", Hope Sandoval_ ¨¨-.. --
"Come Rain Or Come Shine",The Bill Evans Trio -_..._¨¨ "
Umbrella Man", Dizzy Gillespie & Louis Armstrong_¨¨...- "It's Raining", Irma Thomas -_..._¨¨ "Les Parapluies de Cherbourg"[Jacques Demy], Michel Legrand_...-- "Love will tear us apart", Susanna and The Magical Orchestra_...--¨. "Just Like Tom Thumb's Blues", Nina Simone -..."November", Tom Waits_--..--¨. "Yesterday is here", Mantel Band (or. Tom Waits)---..¨¨ "Insónia", Tiago Sousa_...¨¨--

"Le Tourbillon de la Vie"[J&J de François Truffaut], Jeanne Moureau-..¨-.


"I'll Never Let You Go", 24 Carat Black_...--¨..

"Moving-Grooving", Little Francisco Greaves [Panama!3]_...--¨.

"Nothing Matters When we're dancing"-.._--¨¨ Magnetic Fields

"Dancing with the one you love", Ducktails_...--¨.

"Build Voice", Dan Deacon_..--¨.

"Walkabout", Atlas Sound & Noah Lenox_--..¨.

"My Boys", Taken By Trees-¨¨--.

"Eros"[Michelangelo Antonioni], Caetano Veloso_...--.

"Nature Boy", Jon Hassell & Ronu Majumdar_...--¨¨..

"Evening Land", Jan Garbarek & Mari Boine_...--¨-¨

"This Aching Deal", Shoking Pinks---..¨¨

"The Build Up", Kings of Convenience & Leslie Feist-..---.

"You've Got the Love", Florence and The Machine & The XX --¨¨.

"Dull to Pause", Junior Boys---_-¨¨

"Neon Beanbag", Stereolab-_...¨

"Light trough the veins", Jon Hopkins-...¨¨

"Islands", The XX --_--..

"Lover", Nite Jewel _...¨¨--

"Overnight", Gonzales_-..¨¨--

"It's on everything", Akira Kosemura---_¨¨

"Dog Song", Mountain Man--.._--¨¨

.
.
__________________________________________________________________________________Down the steps, fast asleep, wake up, make us some tea...
.
.


sábado, 1 de agosto de 2009

__________________posso?

... de onde me vem esta culpa de não querer amar?
Meu Deus, não tenho religião mas quero rezar.
Escutas-me?

.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

...com os dias contados.


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
True love finds you in the end
You'll find out just who was your friend
Don’t be sad, I know you will,
But don’t give up until
True love finds you in the end.
This is a promise with a catch
Only if you're looking will it find you
‘Cause true love is searching too
But how can it recognize you
Unless you step out into the light?
But don’t give up until
True love finds you in the end.
.
Cibelle [com]promete[-se] a deus nosso senhor Daniel Johnston.
.

_________________às portas do paraíso.



























Painel do portal principal da Basília de N.ª Senhora de Fátima,

Pedro Calapez.





















Pormenor.
.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

clair de lune de claude debussy.

clair-obscur de jean cocteau.





















Carta de Jean Cocteau a Jean-Pierre Rosnay.

[outras tantas aqui].



Aproveitei-me, confesso, de certos acidentes

Do mistério e de erros de cálculos celestes.

Aí está toda a minha poesia: eu decalco

O invisível (o que para vós é invisível).

Ao crime disfarçado em trajo desumano,


«Mãos ao ar!», gritei eu, «É inútil reagir»;


A encantos informes tratei de dar contorno;


Das astúcias da morte a traição informou-me;


Com tinta azul fiz aparecer, de súbito,


Fantasmas transformados em árvores azuis.


Será louco dizer que é simples ou sem perigo


Empresa semelhante. Incomodar os anjos!


Descobrir o acaso em flagrante delito


De batota, e as estátuas a tentarem andar!


Por cima de cidades que pareciam desertas,


Nos mirantes aonde somente chega a voz


Dos galos, das escolas, buzinas de automóveis


(Os únicos ruídos que das cidades sobem),


Surpreendi, provindos dos subúrbios do céu,


Assombrosos rumores, gritos de outra Marselha.




«Par lui-même", VV 1-20, Opéra», 1927;


in Vozes da Poesia Europeia – III. Trad. de David Mourão-Ferreira.

________como o céu estrelado.



sábado, 25 de julho de 2009

I acto, cena 5, 15–18: o leite da ternura humana .


























Glamis thou art, and Cawdor, and shalt be
What thou art promis'd. Yet do I fear thy nature,
It is too full o' th' milk of human kindness
To catch the nearest way.

in "Lady Macbeth" de William Shakespeare.



my sweet 'cotton club' mood: "Theme Song ..." de Miho_ ¨¨-.. --

_____________________________"Fighting Smiles" de Jonquil_¨¨...-_--..

_____________________________ "Diamond day" de Vashti Bunyan -_..._¨¨

______________________________"Rum Hee" de Shugo Tokumaru_...--__¨¨

______________________________"Wonderful World" de Sam Cooke_...--¨¨
.
.

terça-feira, 14 de julho de 2009

união de factum.


.

.

.

.

.

..

.

.

.

.

.

.

Erro, tremendo erro: não, não era a rosa a flor do Principezinho, reponha-se a verdade. Era a Kika V. Essa mesma: a minha flor, a linda flor que ultimamente me tem perfumado os pensamentos. Leve e delicada, repousa as pétalas azul celeste doirado, e brinca comigo todos os dias nas ondas do meu cabelo à hora do recreio, no meu jardim. Eu gosto muito dela e ela, a minha menina também gosta de mim, assim.


[se nos conhecemos? ora, ora, claro que sim! se dúvidas existem: ela].
.
.
my sweet 'cotton club' mood: "Lakmé Flower Duet" de Madame Butterfly_ Puccini-.. --[ambas c/ Manolos, Toilette Lacroix, muito pneirentas e enfeitadas]
.
.
_____________________________"Ma fleur" e "Child Song"_The Cinematic Orchestra_.._¨¨--[tu, de Manolos eu de havaianas]
.
.
_____________________________"Beautiful Flower "_Indie Arie---¨¨_----..[s/ nada. descalças. cabelos ao vento]
.
.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

de passagem.





















Abre. Folheia. foge e voa. lugar-outro. Fecha. cai e desce. 3 degraus. lugar-em-si: rés-do-chão-do-pensamento. Abre. Folheia. volta a fechar. Volta. gira e vira. Olha. Primeiro p/ um lado. Volta. olha e roda. Depois p/ o outro. Perde-se no lugar que rememora onde se demora. Tonta-feia: não reparou no lugar da frente. disponível. Não viu a janela entreaberta, tão pouco. Tonta-feia-nada-gira. Fecha.
.
.
Próxima paragem. A viagem da qual me livro. virar de página, mudar de livro. Dar um giro.
.
.

ensaio-em-frente-ao-espelho#69...













"La nuit américaine", 1973;
François Truffaut.


...p/ não tropeçar nas vírgulas quando decidir amanhecer no cotovelo da rua,
no frente-a-frente da boca do dia.

.
.





quarta-feira, 8 de julho de 2009

vagabond shoes, you've gone a stray, happiness lies the other way, so, turn around, turn around, away from the blues...




"Me and You and Everyone We Know", 2005;

Miranda July.
.

.

entre mim e os meus passos há uma divergência institiva constante
.

.

my sweet 'cotton club' mood: "Oh! September "_Mirah---¨¨_----..

.

[...]

.

take me home again, home again, home again vagabond shoes.

terça-feira, 7 de julho de 2009

don't call me violet.


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
..
.
.
.
The Brown Bunny, 2003,
Vincent Gallo.


i like my body when it is with your body
it is so quite new a thing muscles better and nerves more
i like your body
i like what it does,
i like its hows
i like to feel the spine of your body and its bones,
and the trembling-firm-smooth ness and which i will
again and again and again kiss,
i like kissing this and that of you,
i like, slowly stroking the,
shocking fuzzof your electric fur,
and what-is-it comes over parting flesh . . . .
and eyes big love-crumbs, and possibly
i like the thrill of under me
you so quite new.
.
e.e. cummings.
.

sábado, 4 de julho de 2009

macaquinhos, assim se chamava em dois mil e [muitos] picos.

Ontem, fiquei uns bons três quartos de hora com os ouvidos retidos no carro só para ouvir o interessantíssimo debate da tsf cujo tema central incidia sobre a urgência de novas propostas, metodologias e critérios para a recuperação do património arquitectónico. Muito embora o estômago, já colado às costas, denunciasse a minha vulgar condição humana, escutei atentamente as considerações dos convidados, em especial as intervenções do arq. Nuno Teotónio Pereira.

Absolutamente esclarecido, desafectado dos academismos bolorentos, dos princípios positivistas restauracionistas resultantes do entendimento estético romântico - absolutamente anacrónico, obsoleto, redutor, alheio e desajustado perante as questões do novo milénio no que toca à preservação, conservação e salvaguarda dos bens arquitectónicos - , reputava o arquitecto para a necessidade de libertar as práticas de reabilitação de tais constrangimentos historicistas.

Não é preciso nos deslocarmos aos "centros históricos" das grandes capitais de distrito para nos apercebermos da dimensão das sábias palavras do arquitecto. Basta abrir as janelas do nosso quarto, olharmos ao nosso redor e os exemplos são gritantes. Em todas as cidades do nosso país, as intervenções (agressões) cometidas pautam-se, grosso modo, por linhas que primam pela política do fachadismo nauseante, decorativo, maquilhante, à laia dos contos de fadas disneyscos...bonitinhos, desastrosamente mimética. de pastiche. Um discurso que prima pela aparência de um imaginário que se pensa ter sido ou existido, e que acaba por deturpar e desvirtuar a própria identidade e longevidade do edifício, pelo medo mesquinha de se assumir a marca do tempo presente na sua intervenção. Uma prática corrente que o torna invariavelmente refém de um tempo histórico passado, morto.

Acredito que Nuno Teotónio no seu discurso não pretendia suplantar o legado histórico de um determinado bem arquitectónico em detrimento de uma reconstrução ex-nuova, desprovida de um herança genética. Parece-me, antes, que o arquitecto alertava para a necessidade de enterrar os mortos, relevando a assinatura do tempo presente. Marca da nossa contemporaneidade. Porque do presente se faz também a História, porque o momento presente veicula uma realidade sígnica tão válida como em qualquer outro período Histórico. Parece-me que o arquitecto reivindicava a libertação dos estigmas, determinismos e contaminações pretensamente historicistas e redutoras, das falsas questões e clichés associados aos critérios de valorização e de salvaguarda do património arquitectónico, nomeadamente do simbolismo pretensamente intrínseco de que se reveste determinado imóvel, ou da pretensa salvaguarda da memória afectiva.

Contundente e sem floreados, Nuno Teotónio remata o seu discurso com a simplicidade de uma curtíssima frase que só os grandes mestres conseguem elevar graças à profundidade do seu pensamento e verticalidade do seu espírito :

"a memória extingue-se e mais nada. Extingue-se e pronto. A memória extingue-se. Apaga-se"!

______...


Só ontem, depois de ter ouvido estas palavras compreendi os meus amigos quando por vezes, e não raras vezes, me interpelam os pensamentos com questões aparentemente inócuas. A Andreia, por exemplo, tem por hábito perguntar-me onde escondo as minhas duas antenas e qual a marca de fond-teint que uso para disfarçar tão bem a minha pela verde, e sem dó nem piedade tem ainda a distinta lata de me pedir para lhe apresentar o E.T. Ela tem razão. A minha memória não se extingue. Era suposto extinguir-se, não era? Susan Sontag, Rosalind Krauss, Freud e tantos outros autores que, entre diversos temas de estudo, se ocuparam do sistema neurológico no que concerne aos meandros dos mecanismos da percepção e comunicação abordam temas como os da amnésia, da intermitência, do esquecimento, do estado de choque enquanto condições necessárias para aquisição selectiva do conhecimento, as quais funcionam simultaneamante como mecanismos de defesa cognitiva, inconsciente, necessariamente volátil, por forma a fazer frente/protegendo-nos das ininterruptas agressões visuais e solicitações a que os nossos sentidos são alvo. numa era absolutamente povoada por léxicos bélicos, bombardeada por imagens visuais e sonoras que constantemente atingem a nossa memória; era permeável à torrente de inputs que recebemos sem nos darmos conta. Pelo que, para bem da nossa sanidade mental, da regeneração da memória, o cérebro vai seleccionando e anulando registos sensoriais e cognitivos que foram sendo apreendidos diariamente tendo em vista a assimilação de outros novos dados, brand new. A memória, como um disco rígido, vai-se apagando e anulando em catadupa e sistematicamente... para o nosso bem...

_______

...

Quem me dera ser assim . Normal. Esquecer-me de tudo. Tudinho. Começar a receber inputs, num disco rígido clean, virgem, imaculado. Apagar. Apagar-me. Formatar o passado, a memória simbólica e historicista, implodir ou explodir o arranha-céus que rasga e fere o meu espaço. Apesar da minha rica cabeça ser uma poderosa super-potência, os talibans não querem nada comigo... Quem me dera fazer do meu cérebro um ground zero et voilà! Brand newinha em folha branca. Queria ser como Le Corbusier e fazer tábua rasa do passado e do legado histórico, demolir as malhas urbanas enredadas e labirintícas, construir o novo! Clean. Mas desagrada-me a arquitectura corbusiana. compreendo o princípio emancipatório e respectiva consiciência social, o enquadramento mental e artístico, mas detesto. É fria, despida, impessoal, estanderdizada, modular, e emparadedada - uma máquina para habitar...?? non merci, je refuse! Alegorias tão bem retratadas por Chirico nas suas composições solitárias, monolíticas, opressivas... ou por Antonioni numa bela cena d' O Eclipse... repleta de lugares perdidos... mudos, isolados, ausentes... monolíticos, intransponíveis, também... Fazia-me bem gostar da arquitectura de Niemeyer que é bela, belíssima. Mas não gosto. É imberbe e solitária. Desprovida do pretérito-perfeito de um tempo. Desprovida de registos, de lembranças, de memória. Uma arquitectura orfã, sem parentesco. Bolas, caramba, como gostava de querer passar a gostar de arquitecturas descontaminadas, desafectadas, desinfectadas e esterilizadas. Criadas em terreno novo .

Mas não. Continuo a gostar dos meus arquitectos clássicos, que continuam a aceitar e tomam como desafio o confronto de diálogos espacio-temporais que se intercepcionam, da convivência pacífica de espaços novos e de memória como fizeram Fernando Távora ou Siza, por exemplo, criando uma arquitectura de diálogo enlaçada em reflexos e linhas que antecipam, no entanto, sempre algo: Novo.

Porque não sou arquitecta. Porque não sou engenheira informática. Porque também não sou alienígena. Sou complexa. Eu. Eu gostava apenas de fazer e ser como a Andreia. Pragmática. A GRANDE Andreia que consegue apagar tudo e todos com uma altivez estonteante. Não concebe um dia sem a formatação de alguns dos seus dias. Limpa diariamente o seu disco rígido. Invejo-a por isso. Parva sou eu que vivo presa a back-ups. Parva sou eu que me formei/deformei, especializei/despecializei-me numa ciência que me obriga a recorrer à memória e ao belo. Parece-me o bode expiatório perfeito para me lembrar apenas dos momentos belos. passados. do passado.
Parva sou eu... que teimo em desenvolver o músculo mnemónico, parva sou eu que devia viver a vida alheando-me de tudo e de todos, abandonando definitivamente o luto dos mortos que deveriam estar enterrados. Parva sou eu que devia cultivar o carpem diem, como faz a minha Andreia.

A culpa não é minha, a culpa é da minha profissão que diariamente me faz evocar e escrever sobre o belo e sobre a memória.

E a propósito do belo...

Se obras há que me provocam inveja são as cabeça de Modigliani ou as musas de Brancusi. Pudesse eu ser assim. Pudesse eu repousar na serena, polida, dúctil beleza e frieza dos pensamentos... como eu queria. Ter uma cabecinha opaca e brunida e alva como o mármore imperial de Carrara, ou o dourado aurático do metal cintilante em vez das minhas duas antenas e da minha pele verde.
Não tenho o hábito de emprenhar pelos ouvidos, mas ouvir as palavras de Nuno Teotónio Pereira fez multiplicar os macaquinhos que povoam o meu rico cérebro. Demasiado pequenino, porém, para tanta macacada.
.
.
[...]
.
.
my sweet cotton club mood:"Goodbye to the past"&"Back to the beginning" _Annette Peacock ---__¨¨..-_


quarta-feira, 1 de julho de 2009

p/ o room-service da pensão.

- sete cobertores de pura lã virgem;
.
- quatro lençóis de linho;
.
- três ____"___de algodão;
.
- cinco mantas de flanela felpuda axadrezada ;
.
.

p.s. : solicita-se que todas as camadas de mantas, cobertores e alcochoados dispostos sobre o leito sejam encimados por dois edredons de penas, após o que será de sobrepujar a presente composição com uma manhosa colcha de renda (dispensa-se a imaginária do menino jesus deitado sobre o coxim ou almofada imaculada de setim).
.
[quero apenas 23 bons motivos ( de preferência, razoáveis) para me sentir asfixiada].
.
.

red roses, dead roses?


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
..
.
.
Poderá a iconosclastia no romantismo asfixiar o amor?
.
.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

de factum.













.
.
.
.
.
.
.
.
.

.


«pii.#4$&/!!'ª\#º-se!! pii.»: não há sensação mais
.
catártica que uma sessão de 15 minutinhos na esteticista,

.
com direito a lagrimita no olho e tudo.
.

.
my sweet 'cotton club' mood: "Santa Baby"_Eartha Kitt ._¨¨_----
.
.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

p/ este fim-de-semana.

.
.
.




"Sweet Candy",
Chet Baker.

.
.
.

porque o verão está à porta e as "férias grandes" à espreita:
















.

.




my sweet cotton club + dois cubinhos de gelo + rodelinha de limão prestes a serem servidos.

...entretanto enquanto se espera vai-se saboreando:









.
.
.


.
.
.


.
.



.

my sweet 'cotton club' mood: "
Borderline"_ Flaming Lips_. ---__...¨¨





[a desenvolver].

shhhuuu...
























lugar-santo.

a mesma origem noctura.















.
"Der Misanthrop", 2002
Rui Chafes.



Rui Chafes - ... Marcel Duchamp esse grande sacana!
a-de-braços-cruzados - Marcel Duchamp... sacana?!?!...
Rui Chafes - Tão sacana quanto John Cage!
a-de-braços-cruzados- não posso crer?!? Então porquê?! Aprecio ambos: foram provocadores, quebraram os cânones estabelecidos, subverteram os princípios pretensamente absolutos da arte... atribuíram novos significados, aproximaram a arte à vida e a vida à arte. Abriram caminhos para novas derivações e concepções artísticas, não compreendo...a sério...
Rui Chafes - desviaram a arte para um caminho estreito, empurrando-a para um beco sem saída.
a-de-braços-cruzados- hum... Duchamp fez a acepção da obra de arte como a negação da própria obra de arte, é isso? Cage fez a acepção da música como a negação da própria música...
Rui Chafes- Cage cria música, ou reproduz o som de uma porta que se abre? é música ou o som.
a-de-braços-cruzados- É o som, ele cria e valoriza o som, a melodia e o silêncio, a urgência do silêncio na sociedade contemporânea e não o ruído...talvez....
Rui Chafes - mas não é música: é o som da porta. de uma porta.
a-de-braços-cruzados- então, está a dizer-me que importa devolver o 'sentimento aurática' e o 'sentido transcendente' à arte? Reivindica a necessidade de sair do minimalismo ou do pós-minimalismo 'imposto'?
Rui Chafes - da urgência de libertar a arte pós-duchampiana instituída... a qual ainda subsiste...inexplicavelmente
a-de-braços-cruzados- persistência anacrónica...
Rui Chafes - da necessidade de libertar a arte da vacuidade deste mundo tecnocrata, cibernético, facilitista. da arte facilitista e do facilismo na arte e das facilidades promovidas no mundo moderno...
a-de-braços-cruzados- ...no sentido de restituir a grandiosidade da criação, enquanto 'trabalho físico e árduo', como diz, da concepção artística, do acto de criar como nos pré-rafaelitas e simbolistas...? Devolver o sentido superior, do sagrado, metafísico... à semelhança da arte gótica com a qual identifica os seus 'trabalhos'?
Rui Chafes - é angustiante ver uma beata de cigarro exposta enquanto objecto artístico... actualmente, deixou de haver o tal «êxtase» contemplativo. existem viveiros especialistas de uma arte e os museus um laboratório de analistas que se especializaram... banalizaram a arte. qualquer coisa serve e 'é'.
a-de-braços-cruzados-- restituir o sentido supremo da arte, elevação superior e imaterial do objecto, a arte que tenha como destino as nuvens, o destino eleito de Goethe...
Rui Chafes - sim, devolver o lado mágico. sentir o milagre. como nos ritos e mitos arcaicos para que se abra um lugar para a possibilidade da própria recriação subjectiva e pessoal do objecto. Tal como os nossos filhos, a obra de arte, é mais do que matéria, células, pele, madeira ou ferro, por exemplo... - mais que uma justificação biológica - é o milagre da dádiva. Também os filhos que concebemos não são nossos, são uma seta. As minhas obras são qualquer coisa que concebi e partem para o infinito que desconheço, para o desconhecido, para algum sítio....
a-de-braços-cruzados - é o sentido da vida. e para a vida. para dar sentido à vida. cria-se. cria. Segundo André Malraux, que concebeu a ideia enquanto conceito e método de aproximação às realidades outras, o "Deus" é o "incognoscível e, antes de mais, a luta contra a Morte". A toda a imagem, com efeito, preside o desejo de apropriar um lugar-outro, ou um não-lugar, e por essa via, de lhe proporcionar a eternidade, fixando nela uma realidade ontológica até aí não existente: porque desprovida de imagem. Ai que já me perdi... desculpe.
Rui Chafes - sim, eu trabalho sobre o invisível. Parto do real matérico,à semelhança de Giacometti, e procuro a metáfora da transcendência. Superar-me. Prolongar-me na dúvida e para a dúvida.
a-de-braços-cruzados- por isso trabalha arduamente em ferro e aço, como Giacometti e,...
Rui Chafes - desmaterializo as peças, vou desmaterializando...
a-de-braços-cruzados- são transparências. funde a arte com o espaço natural envolvente que a acolhe, permitindo-lhe assim que toque no céu. vemos a natureza e apercebemo-nos do tempo. espaço-tempo-e-matéria. o belo em comunhão... Giacometti dizia que os "seus homens" são fios de aço delicados que unem o céu à terra...
Rui Chafes - respeitar a vida é ter a noção do tempo e envelhecer com ele. aceitando-o. Olhar para o céu e pensar no que está para além dele, e deixar-se ser emocionalmente arrebatado... tal como no sentimento estético provocado pela arte. é exactamente a mesma dúvida. a dúvida desse sentir. do lugar desse sentir.
a-de-braços-cruzados- o Belo. isso é o belo. é assim que o defino. o tal je ne sais quoi que está para além do objecto visível. uma justificação. Procurar acendalhas para o espírito, como dizia Ruskin, partindo da experiência sensível da matéria para a transcendência que está para além do objecto ou da imagem: como na música... através da qual acedemos a viagens imaginárias, ou como no cinema que tem a faculdade mais imediata de nos projectar para um lugar-outro. acontece-me sempre 'isso' , 'sempre' que assisto aos filmes de João César Monteiro- specular- projecta-me, lançando-me para um lugar estranho situado entre a sordidez e a epifania. Será isso? Essa liberdade onírica. Arrebatadora? E simultaneamente a eterna procura e justificação de nós próprios... um lugar de reencontro connosco próprios...
Rui Chafes- uma viagem irracional, sim, é isso. Trabalho sobre a intuição, com a intuição. com uma grande carga indomável. não domesticada. Há sempre o impulso inicial mas nunca sei o que vai acontecer.
a-de-braços-cruzados- Artista é aquele nasce com a pulsão para a dúvida e para a inquietação... é assim que defino e identifico um artista. e a ARTE.
Rui Chafes- O artista tem de se trair a si mesmo e cair no abismo para descobrir o seu próprio caminho. O artista tem de ser inconsequente. A obra tem de ser incompleta para ser eterna.
a-de-braços-cruzados- a arte enquanto eterno . a arte é-nos a eternidade emprestada a curto- prazo pelo preço de um sopro de fé, um "sopro dolorosamente suave".

[*] "A painfully soft blow", 2001 - uma das esculturas de Rui Chafes presentes no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.


jaz.mim_tu... aqui, deixara de o ser.

à espreita de fa|c|to & gravata.

Seguidores