...e esgravata.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

clair-obscur de jean cocteau.





















Carta de Jean Cocteau a Jean-Pierre Rosnay.

[outras tantas aqui].



Aproveitei-me, confesso, de certos acidentes

Do mistério e de erros de cálculos celestes.

Aí está toda a minha poesia: eu decalco

O invisível (o que para vós é invisível).

Ao crime disfarçado em trajo desumano,


«Mãos ao ar!», gritei eu, «É inútil reagir»;


A encantos informes tratei de dar contorno;


Das astúcias da morte a traição informou-me;


Com tinta azul fiz aparecer, de súbito,


Fantasmas transformados em árvores azuis.


Será louco dizer que é simples ou sem perigo


Empresa semelhante. Incomodar os anjos!


Descobrir o acaso em flagrante delito


De batota, e as estátuas a tentarem andar!


Por cima de cidades que pareciam desertas,


Nos mirantes aonde somente chega a voz


Dos galos, das escolas, buzinas de automóveis


(Os únicos ruídos que das cidades sobem),


Surpreendi, provindos dos subúrbios do céu,


Assombrosos rumores, gritos de outra Marselha.




«Par lui-même", VV 1-20, Opéra», 1927;


in Vozes da Poesia Europeia – III. Trad. de David Mourão-Ferreira.

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jaz.mim_tu... aqui, deixara de o ser.

à espreita de fa|c|to & gravata.

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