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A respeito da exposição "Poetry and Dream" patente na Tate Modern de Londres de Maio a Setembro de 2007, na qual se apresentavam revelações (inéditos) surpreendentes da vida-e-obra de Francesca Woodman, Madalena Lello escrevera o seguinte:
«(...)Na sala onde agora podemos ver os vídeos de Francesca Woodman, (1975-1978), recentemente descobertos, e restaurados, (2004), lemos no texto de parede 'a remarkable psychological intensity'. (...) Agora descobrem-se os vídeos de Woodman, provavelmente também utilizados para a sua obra fotográfica, pois nunca antes divulgados. (...)Woodman detrás de um papel branco translúcido, escreve o seu nome, FRANCESCA, para de seguida destruir o papel que a separa do espectador. (...) Faltou a Woodman a maturidade de Helena Almeida, para ultrapassar as adversidades e limitações. (...) O espaço torna-se, para Woodman, cada vez mais claustrofóbico.»
in Sais de Prata.
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Este domingo revi pela enésima vez um dos filmes mais surpreendentes de 2006, prescisamente pelo sentido de "extraordiornária normalidade", pelo modo despretensioso de observar o standard of living norte americano, e pela forma prosaica de traduzir o que é, e do como é ser-se americanamente normalóide. O que não deixa de ter uma certa graça, visto que, a americanice está longe de ser um terreno intransponível, confinado ao contexto geográfico norte-americano, pois, verdade seja dita é um estilo ou um estado de neurose-humana contagiante: não há ninguém que ainda não tenha sido, ou se sentido, mordiscado por este estilo de vida caótico. toca a todos meus amigos. E porque o riso é a melhor arma para matar o suícídio, como disse Twain este é um daqueles filmes que me põe (sempre) bem dispostinha, e que faz despertar em mim o meu lado mais cínico e vil, pois conforta-me imenso pensar que há gente (bem) pior do que eu,( não é simplesmente maravilhoso acreditar nesta ilusão da hierarquia, ou do podium, da "normalidade"? O mais estranho é que por mais vezes e vezes que reveja "Little Miss Sunshine", a dada altura, sempre que se aproxima o momento de explosão reaccionária em que Dwayne, o rebeld with(out) a cause, interroga o tio (o duplo), como que um exercício de mútua concordódia e de auto-e-hetero-confrontação exterior, e indagação interior, não posso deixar de ouvir o ecoar do "grito" (interior) de Francesca Woodman, e não posso deixar de reparar, também, nos vultos sombreados da t-shirt opaca amarela do teenager, como que o reflexo de um ressoar da incomunicabilidade, igualmente opaca. Ao que se sabe Francesca não tinha um tio normal e compreensivo, nem sequer uma coqueluche-prozac chamada Olive. A Francesca nunca ninguém deu ouvidos: suicidou-se, atirando-se da janela. quereria voar?
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Dwayne: "You know what? Fuck beauty contests. Life is one fucking beauty contest after another. You know, school, then college, then work, fuck that. And fuck the air force academy. If I wanna fly, I'll find a way to fly. You do what you love, and fuck the rest."
Frank (tio): "I'm glad you're talking again, Dwayne. You're not nearly as stupid as you look."
"Welcome to Hell": as boas-vindas de Dwayne dadas ao seu tio,
expressas sob a forma de escrita num bloquinho de notas pautado, cumprindo,
assim, o severo pacto de silêncio auto-imposto que vigorou
até ao momento da tal explosão.
"Self Portrait. Talking to Vince", c.1975 - 1978;
Rohde Island Providence;
Francesca Woodman.
I am apprehensive. It is like when I played the piano.First I learned to read music and then at one point I no longer needed to translate the notes: They went directly to my hands.After a while I stopped playing and when I started again I found I could not play by instant and I had forgotten how to read music. Francesca Woodman dixit.
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