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O "Cotonete", claro está - o algodãozinho branco do dito cujo não engana!
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Helder Gomes "diz-que-disse":
Uma viagem rápida pelas últimas linhas do blog De Factum... leva-nos a nomes como Fever Ray, Animal Collective, Grizzly Bear ou Au Revoir Simone. Mas muito mais do que um espaço apenas sobre música, o blog desta semana tem um carácter generalista. Lara Tenreiro afirma que o criou «pela urgência de anestesiar a "razão", dando corda à emoção: chegar a casa, descalçar o dia e adormecer o cansaço».A blogger ainda tenta explicar o objectivo do De Factum... citando autores como Michaux, Genet ou Nabokov, mas acaba por reconhecer que o blog existe «apenas por puro narcisismo e egotismo». Lara esclarece que o seu novo espaço «vem na sequência da marcha fúnebre de outros dois blogs, entretanto moribundos». E confessa algum «sentimento de culpa» quando percebe que já não lhe dedica tanto tempo: «tenho a sensação de andar a traí-lo com o Facebook».A trabalhar na Fundação Batalha de Aljubarrota, esta historiadora de arte escreve sobre música (e as outras manifestações artísticas) como quem escreve sobre outra coisa qualquer. Expliquemos, então: num post em que publica um vídeo de Fever Ray, ela aproxima o projecto a solo de Karin Dreijer Andersson (do duo sueco The Knife) à escrita de Mário de Sá-Carneiro. Diz que são «almas gémeas» porque lhes «falta sempre qualquer coisa» e porque «o sentimento de inércia, desalento e desencanto» parece acompanhá-los sempre.Lara Tenreiro não conhece o número exacto de visitantes do De Factum... mas sabe que é espreitada por «voyeurs de todo o mundo e arredores, muito embora sejam questões irrelevantes dado o carácter caseiro do blog». Não ficou, no entanto, indiferente quando um dia registou «138 olharapos numa só hora» nem naquele outro em que recebeu «256 comentários» a um post seu.À convidada desta semana agrada-lhe nos blogs «o despojamento sem artifícios, a permissão da falha, do errar, sem ter medo do ridículo». Ainda que não adivinhe para De Factum... qualquer margem de evolução, Lara assume que gosta de «cortejar a lucidez no roçar da insanidade» e deve continuar a fazê-lo no tom «confessional e genuíno» que a acompanha desde sempre. E remata, falando sobre o seu estilo: «quanto mais humano, melhor».
Helder Gomes.