...e esgravata.

sábado, 25 de abril de 2009

a defesa do meu primeiro-amor#1: a singularidade da Central Termoeléctrica.

No seguimento do convite expresso pela minha caríssima colega e Amiga-bonita Dália Lourenço, venho desta forma apresentar publicamente o meu primeiro objecto de estudo, para o caso de alguém que, num futuro não muito distante, se atreva a usurpar, ipsis verbis, as presentes considerações, uma vez que as autárquicas estão à porta e... porque, como diz o ditado popular, gato escaldado de água fria tem medo...

Contextualiazação espacio-temporal:

A Central Termoeléctrica de Porto de Mós, encontra-se situada à entrada da Vila, junto das Piscinas Municipais, relativamente distante do centro urbano mais antigo, e a sua arquitectura apresenta-se distinta no panorama regional.


A história de Porto de Mós é secular. Situada na encosta ocidental da serra de Minde, é uma das mais antigas do distrito de Leiria, e encontra-se localizada nas abas da serra, incrustada no morro do Castelo. É constituída por uma parte alta mais antiga, cuja malha urbana e configuração do povoado denunciam os vínculos à época medieva, e uma parte baixa relativamente moderna.

O actual topónimo "Porto de Mós", foi derivando ao longo dos tempos de outras designações, Porto de Molis, Porto Molarum, Porto Moos e Vila de Moos, o que significa que a esta evolução pode estar relacionado o facto de nas margens do rio Lena, que banha a vila, se ter desenvolvido a produção de mós. Efectivamente, a excelência dos arredores para as exportações moegeiras, quer eólica, quer hidráulica, determinou, entre outros, o crescimento da povoação.


A sua história está inevitavelmente associada ao Castelo que após a tomada aos Mouros por D. Afonso Henriques, no ano de 1148, teve como alcaide-mor D. Fuas Roupinho. D. Dinis restaura-o, cercando a vila de muralhas, concedendo-lhe o foral em 24 de Julho de 1305, depois de, por carta datada de 23 de Julho de 1287, haver doado a Dona Isabel a povoações e outros bens que tinha no seu termo. D. João I, por carta régia de 20 de Agosto de 1385, doa a vila e seu termo à Casa de Bragança, pelo que o senhorio passou para D. Nuno Álvares Pereira, o qual, após a tomada do hábito, a doou a seu neto Afonso, filho de Beatriz Pereira.


O fulgor que a vila outrora detinha, ia decaindo desde o século XVI, quando muito dos seus habitantes, imbuídos pela epopeia dos descobrimentos, preferiam "dedicar-se às armas e ao comércio a cultivarem terras sobrecarregadas de pesadas rendas, para diferentes comendas e fidalgos (...) e eram mais as casas em ruína e desertas, do que as habitadas". Não obstante, D. Manuel, por carta datada de 18 de Fevereiro de 1515, concede-lhe novo foral e doa novamente o castelo aos Condes de Ourém.

Conforme se regista nos censos de Pina Minaque, em 1798, a população da vila parece ter aumentado. Este documento dá a conhecer que Porto de Mós continuava a pertencer à Casa de Bragança e integrava a Comarca de Ourém, revelando ainda, que crescera na actividade comercial, devido à exploração do mármore preto, da extracção do ferro e calcário, bem como da indústria da olaria, a que se acresce o facto da instrução dos jovens ter aumentado, "numa terra que contava escolas públicas de ler e de escrever, assim como de gramática de latim", estendendo-se o progresso urbano do termo da vila.

É difícil apurar acerca da vila local nos anos que precederam à Revolução de 1820, bem como restituir a história porto-mosense no período do Liberalismo oitocentista. Todavia, a vila estava em franco progresso, como testemunha a obra de Pinho Leal, lavrada em 1876. O risonho provir que se "effectuará desde que se abriu um ramal de caminho de ferro, d' aqui até à estação de Torres - Novas (...), também fica a 5 kilómetros a E. da estrada real, (...) de Lisboa ao Porto, duas artérias por onde exportar, não só géneros agrícolas excedentes (...), mas, e sobretudo, o producto das suas numerosas e abundantes minas de ferro e de anthracite".

Nos finais da centúria oitocentista, em virtude da reestruturação administrativa de 30 de Dezembro de 1892, o concelho de Porto de Mós foi extinto, passando o edifício dos Paços de Concelho e a jurisdição administrativa para a Câmara Municipal de Alcobaça. Este episódio foi um rude golpe para a vida de uma localidade que se encontrava em inequívoco progresso agrícola e industrial e que pretendia valorizar-se no quadro regional do distrito de Leiria.
Em 1937 foi novamente submetida a uma outra reforma administrativa, que transferiu a vila da zona da Alta Estremadura para a nova Província da Beira Litoral, com sede em Leiria. Dir-se-ia que Porto de Mós, no que respeita à sua vivência económica, se afastou de Santarém e do Vale do Tejo, para se integrara no impulso regional que lhe advinha da cidade do Lis e da franja costeira, visto que o surto da indústria da pedra e dos cortumes e da faiança abriram a Porto de Mós um novo progresso que se estendeu à sua região envolvente mantendo-se a vila fiel às suas raízes culturais e populares.

A Central Termoeléctrica:


Relativamente ao imóvel em causa, foi mandado construir pela Empresa Mineira do Lena, entre 1930-33, quando D. José de Saldanha da Gama, o seu principal empresário na altura, pretendia contribuir, desta maneira, para a electrificação e para o progresso em geral do distrito de Leiria.


De facto, os intentos do empresário surtiram o efeito desejado, visto que foi graças a esta Central que as populações do concelho de Porto de Mós, bem como as dos outros concelhos vizinhos, viram pela primeira vez as suas casa iluminadas sem ser com as primitivas candeias de azeite ou candeeiros de petróleo. Por conseguinte, os hábitos de vida das povoações que eram abastecidas pela electrificação foram significativamente alterados: "electrodomésticos e alguns sectores de pequenas indústrias puderam adaptar-se ao quotidiano das pessoas e desenvolver-se graças à energia eléctrica, até então difícil de conseguir".

Refira-se ainda, que durante algumas décadas as sonantes sirenes da Central serviram de relógio a muitos habitantes locais, pautando assim os ritmos da labuta e de pausa dos numerosos trabalhadores, - que naquele tempo se dedicavam às intensas actividades mineiras e agrícolas - , no sentido de determinar o início do seu trabalho e das suas refeições, em substituição dos antigos-regulares sinos da igreja. A importância deste edifício acresce se atendermos ao facto de se tratar de um equipamento que empregara inúmeras famílias, e servira, também, de espaço de entretenimento e evasão, visto que do conjunto da Central Termoléctrica constava, entre outros, uma sala de cinema, com casa de máquinas de projecção de filmes anexa, onde o electricista chefe projectava filmes da época.

Aquando da deslocação ao local, verificou-se que já não há quaisquer vestígios da casa das máquinas, nem da antiga sala de cinema, que se situavam junto da Central. Atendendo à documentação fotográfica apresentada na obra de Francisco Furriel, cremos que pela localização das referidas instalações, situadas nas traseiras do edifício, estas devem ter sido, certamente, demolidas por ocasião da recente construção das Piscinas Municipais, que passaram a ocupar esse lugar.

No que concerne à Central, propriamente dita, convém referir que se encontra em acelerado estado de ruína, pelo que apenas nos foi possível visitar as áreas do interior que não estavam ocultas pela vegetação, ou submersas pelas águas pluviais. Presumimos que as instalações sirvam, actualmente, de armazém camarário, tendo em consideração os materiais logísticos municipais que se encontram depositados no seu interior, nomeadamente, placas de sinalização e topográficas. No entanto, apesar do avança do estado de degradação e sequente descaracterização, subsistem ainda alguns elementos estruturantes originais que nos permitem fazer uma leitura descritiva da Central, visto que as empenas das fachadas ainda se conservam de pé e ostentam alguns elementos estruturantes e decorativos do edificado remanescente.

De acordo com algumas notícias que vão surgindo na imprensa local e regional, fica-se a saber que a Autarquia considera que o edificado que actualmente, acolhe o Museu Municipal de Porto de Mós é provisório, dada a insuficiência do respectivo espaço para a apresentação condigna de todo o espólio museológico. Pelo que se pode apurar, a Câmara está a envidar esforços para a recuperação da antiga Central Termoelectrica, no sentido de aí instalar, definitivamente, o Museu Municipal, e nele criar , também, um outro espaço onde seja possível desencadear outras actividades como complemento das existentes na zona serrana. Numa entrevista efectuada ao vereador da cultura de então, a propósito da eventual reabilitação e recuperação do imóvel em causa, este referia que "com esta estrutura nós pudemos dar um passo em frente, tentando até, de certa forma, uma simbiose entre a Serra e o Vale, porque, no fundo, há um elemento comum na riqueza deste concelho. É que, efectivamente neste momento é a extracção da pedra e a exploração do barro que têm sido os grandes tónicos para o crescimento..."

A razão da escolha para albergar o futuro Museu Municipal é óbvia, não só pelo que dele emerge em termos simbólicos - pois, para além de ter sido importante na electrificação de todos os concelhos vizinhos e no respectivo desenvolvimento industrial, abrangendo a zona de Leira, como já foi referido, aqui, era também recolhido o carvão, extraído das minas da Bezerra e Alcanadas, que era transportado por uma via férrea criada para o efeito, da qual já não há qualquer vestígio - face ao carácter sócio-cultural que lhe era simultaneamente inerente e também por se tratar de um edifício de amplas dimensões e pouco vulgar em termos de arquitectura industrial do século XX.
A razão pela qual o aspecto do bem em causa parece não corresponder à arquitectura industrial corrente da altura, dever-se-á, eventualmente, ao facto de terem sido utilizados diversos tipos de materiais para a construção, muito embora haja autores que defendam que os edifícios industriais não obedeciam a um padrão morfológico especificamente estanderdizado, pelo que as suas arquitecturas poderiam surgir de "várias formas" [Associação Portuguesa de Arqueologia Insdustrial; I Encontro Nacional sobre Património Industrial- Coimbra, Guimarães e Lisboa 1986. Actas e Comunicações, I vol. Coimbra: Coimbra Editora, 1989]. A exploração das potencialidades dos novos materiais construtivos, como o betão armado e o aço foi habilmente conjugada com outros elementos estruturantes oriundos de matérias-primas abundantes nesta região, nomeadamente os tijolos maciços, alguns refractários, de argila.

No entanto, muito embora a sua aparência seja dissonante, se comprarmos com outras instalações fabris, no que toca às exigências emergentes que passaram a estar a associadas ao advento da arquitectura industrial, designadamente a funcionalidade arquitectónica, economia dos meios, rentabilização do tempo e do espaço, arejamento, salubridade e iluminação, julgamos que a Central responde em absoluto a esses novos critérios modernos.

Com efeito, verifica-se que a planta do imóvel em causa, estava em conformidade com o trabalho em questão, pelo que a mesma obedecia a uma organização racional do espaço interno. As amplas dimensões dependeram não apenas do número do pessoal ao serviço, mas também da aplicação e disposição dos materiais e equipamento tecnológico necessários para o funcionamento da Central, pelo que o seu interior, estaria, certamente, repleto de emaranhados de cabos, motores e fios electectricos, bem como de geradores e turbinas distribuidores de energia.

Apesar do edifício se encontrar em penoso estado de ruína, sendo já impossível decifrar alguns dos seus elementos constituintes, na visita ao local, pudemos verificar ainda, que a Central estaria composta por diversas secções, de acordo com as especificidades de cada tarefa que aí se executava. Deste modo, o imóvel seria constituído por suas zonas distintas: uma, que correspondia à ampla área "de calor das fornalhas", cujas paredes apresentam-se, ainda hoje, totalmente construídas com estruturas em ferro e tijolos maciços refractários, para suportarem as elevadas temperaturas das fornalhas e grelhas rotativas. A outra secção, ocupava-se da distribuição da energia eléctrica para a rede pública e privada, diferindo da outra, quer na funcionalidade que lhe estava acometida, quer em termos da sua arquitectura. Era construída em cimento, com reboco branco e ocre, sendo o espaço interior, correspondente à casa dos geradores, bastante compartimentado, nos quais se registam a existência de transmissores de energia, motores eléctricos e geradores, pelo que constituem testemunhos que merecem ser devidamente preservados.

A fachada principal apresenta-se rasgadas por inúmeros vãos rectangulares envolvidos por molduras de cantaria de talhe muito simples, estando, no entanto, alguns deles entaipados. Esta fachada é delimitada, no lado esquerdo, por cunhais de tijoleira, e, no direito, encerrada lateralemente por uma espécie de torreão rectangular, aberto no topo por um óculo circular. É rematada por três frontões triangulares, de diferentes dimensões, sendo que os dois mais largos da extremidade, pertencem às coberturas de águas, que correspondem a cada uma das secções da Central, enquanto que o outro pequeno frontão, funciona apenas como um apontamento decorativo que asssinalava o eixo central da composição. No entanto, todos estes frontões são debruados a tijoleira e assentam sobre um friso do mesmo material, cuja disposição formal sugere uma platibanda, prolongando-se até à fachadas laterais do imóvel. Refira-se, aliás, que a aplicação deste material no edifício, aliada ao ténue relevo vertical das empenas, produz um belíssimo efeito plástico, e acentua as linhas geometrizantes, modernas, do imóvel.

Na fachada lateral direita ainda é visível o caiado branco e ocre de que se reveste a respectiva superfície parietal. Esta apresenta-se aberta por quatro vãos no rés-do-chão, que correspondem às portas de acesso às cabines dos geradores, sitas na secção de distribuição de energia, e por outros quatro vãos no topo, dispostos simetricamente em relação às aberturas inferiores. Cada porta do rés-o-chão e cada janela de ilmuniação no topo é intercalada por um painel cego decorativo, pintado de ocre, sugerindo um anepígrafo. As cabines constituíam esta secção, são muito compartimentadas e exíguas. Apesar do seu interior se apresentar, presentemente, bastante descaracterizado, ainda subsistem alguns elementos deveras representativos dos primórdios da electrificação termoelectrica nacional, pelo que, tanto o imóvel em causa, bem como os instrumentos de electrificação, nomedamente o motor eléctrico, os geradores e transmissores de energia mereciam ser devidamente recuperados e salvaguardados.

Pelo que pudémos constatar, a fachada lateral esquerda, pertence à secção das fornalhas, encontra-se na iminência de ruir, pelo que a sua reabilitação requer o máximo de urgência, no sentido de se manter a sua integridade estrutural; já que, através da pesquisa bibliográfica feita sobre este bem patrimonial, e ao comparar a documentação visual que a acompanhava, nos apercebemos de que esta fachada perdera recentemente algumas infra-estruturas que constituíam significantes imprescindíveis para a compreensão do procedimento das várias tarefas de trabalho que aqui eram realizadas. Confrontado os registos fotográficos, constata-se que a ponte suspensa em pilares de cimento e ferro, erguida para entrada do carvão em vagonas, já não existe. O carvão era despejado numa "enorme rampa afunilada para dentro das fornalhas" que estariam nesta secção. O autor citado, dava também conta do facto de ainda existir "um terreno anexo à central com cerca de mil metros quadrados que serviu para depósito ou acumulação das escórias do carvão provenientes das fornalhas das caldeiras" que mais tarde foram aproveitadas para a consolidação dos caminhos rurais. Considerando tal descrição, julgamos que se trata do terreno contíguo a esta fachada.

No que concerne à fachada posterior, aqui, torna-se evidente a diversidade de materiais e de métodos de construção que foram utilizados na edificação do presente bem. Apesar de apresentar duas zonas distintas, como já foi anteriormente referido, o aspecto geral deste conjunto é também muito mais compacto do que nas restantes fachadas. A secção das fornalhas, que se apresenta no flanco direito, é constituída por dois pavilhões, e difere da restante fachada, apesenta-se agrupada por módulos regulares unidos por ligantes de ferro. Nesta amplo pano de parede, a materialididade dos materiais foi assumida, ao contrário das demais secções, cujo reboco escamoteia a sua materialidade. A área das fornalhas desenvolvia-se por dois pisos, sendo o inferior, onde ainda são visíveis os pilotis - apesar de se encontrar coberto pela densa vegetação, alagado, e em sofrível estado de degradação -, seria para onde "caíam as escórias e as cinzas ainda incandescentes das fornalhas da Central". Numa das estruturas, nota-se ainda uma grossa barra de ferro carcomida pelo intenso calor que suportou, "tanto as escórias como as cinzas caíam directamente por um enorme funil de ferro dentro das vagonas que, uma vez cheias, eram levadas para a escombreira".

Relativamente à secção de distribuição de energia, de menor dimensão em relação aos outros dois pavilhões da outra secção, é também constituída por dois pisos, sendo o inferior aberto por uma larga porta de acesso ao interior, enquanto que o topo se apresenta fendido por três lumes rectangulares. Aqui, destaca-se ainda a platibanda recta elevada que remata uma parte desta secção. Certamente que esse era o dispositivo onde se aplicavam os transmissores eléctricos, visto que a sua altura permitia facilitar a distribuição da energia eléctrica.

Todo este conjunto que constituía a Central era coberto por quatro telhados de duas águas, que se perfilavam uns ao lado dos outros. Actualmente, resta muito pouco das chapas de zinco originais que os cobriam, sendo apenas visíveis as primitivas estruturas de ferro que as suportavam.

Finalmente, sobrevive ainda uma estrutura independente, situada no lado direito do imóvel, que integrava o conjunto da Central Termoeléctrica. Trata-se de uma estrutura circular, constituída por noves pilares de secção quadrada em betão armado, sobre os quais assenta um largo "cinturão" de tijolo, rasgado por um janelo rectangular. Todo este dispositivo, feito para a refrigeração das turbinas da Central, encimava uma complicada estrutura cuja morfologia, beneficiada pela ductilidade do betão armado, se assemelha a um crivo em forma de teia. Presumimos que este elemento visava resguardar o dispositivo da água das turbianas, aliado à necessidade de sistema de distribuição e descompressão de forças.

A envolvente apresenta-se bem desafogada e bem preservada, em virtude do imóvel se encontrar localizado num amplo recinto, isolado do povoado da Vila. Nesta área, destacam-se as Piscinas Municipais, que lhe ficam muito próximas e que ocuparam então o lugar onde outrora estaria situada a sala de cinema e a casa das máquinas de projecção de filmes que integravam o conjunto da Central.

Apreciação final - considerações:

Atendendo a todos os factos expostos, cremos que o presente bem imóvel, é sem dúvida, extremamente representativo não apenas para as inúmeras famílias que daqui tiraram partido do seu sustento, mas no panorama insdustrial do concelho, pelo que seria merecedora de urgente recuperação, conforme o interesse demonstrado pela autarquia, de modo a salvaguardar e revivificar o que dele ainda resta. Assim, seria de toda a importância que se procedesse à reabilitação e posterior reutilização deste exemplar único do património industrial de Porto de Mós, preferencialmente para fins sócio-culturais, científicos ou/e museológicos. Pois, só deste modo, seria então possível recuperar simlutaneamente a sua arquitectura, com o respectivo recheio original, as técnicas e as formas de trabalho a ele associados, e recuperar ainda a consciência individual e colectiva, visando o melhor conhecimento da insdustrialização da região.

Sobre a importância do Património Industrial, J. Amado Mendes, indagava que "nos centros urbanos, como e a partir de quando foram a água e a electricidade distribuídas ao domícilo?", respondendo de seguida, que "no caso da energia eléctrica, revestir-se-á de interesse prestar atenção às primitivas pequenas centrais, hidroéctricas e termoeléctricas", visto que numa parte significativa do patrimonial cultural é constituída pelo chamado património insdustrial, e a civilização contemporânea "muito deve à industrialização que tem afectado directa ou indirectamente, quase todos os aspectos da vida humana, (...) pelo que torna imperiosa a sua preservação", sempre que possível em actividade e in situ, visto que só assim se pode adquirir uma percepção satisfatória de máquinas, motores, utensílios ou outros elementos para museus, caso contrário faz perder a historicidade do aobjecto em análise. O autor conclui, defendendo que, "com a destruição pura e simples desses monumentos industriais, o património cultural de que fazem parte integrante, vai-se delapidando e a história, por seu turno, vai ficando mais pobre".

Atendendo aos factos expostos e tendo em consideração a nossa missão, julgamos, sem dúvida, que o edifício é representativo, como referência de determinada vivência sócio-cultural, a nível local ou concelhio, mas também como exemplo de uma época muito específica em termos artísticos, a nível nacional. Responde aos critérios gerais dos parâmetros histórico-cultural, estético-social e de autenticidade, não obedecendo já, todavia, aos de integridade e técnico-científico, uma vez que se encontra, na realidade, em aceleradao estado de ruína, o que contribuiu, a par com a demolição de alguns elemntos, para a irreparável perda da arquitectura original.

Acreditamos que o presente edifício, - testemunho do património industrial -, após uma intervenção, recuperação e reabilitação cuidada e especializada, (que não fira ou desvirtue a sua identidade e saiba tirar partido da arquitectura do próprio edifício, maximimizando as suas potêncialidades: conceptuais, plásticas, disposições formais, dimensões, amplas proporções ) possa vir a ser mais um importante marco cultural exemplar no contexto regional, a juntar a outros equipamentos e espaços culturais de excelência que muito recentemente têm vindo a incrementar a oferta cultural do Concelho, contribuindo, assim, para a dignificação da vestuta Vila e para a aproximação do legado histórico às suas gentes.

Com inestimável apreço e admiração pessoal Dália Diva-de-Saint-Laurent.

2 comentários:

Dali disse...

Fantástico!

A dupla perfeita!

Não podemos permitir que esta ideia seja usurpada por terceiros, nem que fique adormecida por mais tempo.

Em breve publico a parte prática do projecto.

Beijocas

flor-de-laranja disse...

and...

we have a dream!

[um turbilhão de propostas que jamais poderão ser lançadas às urtigas: é tempo de arragaçar as mangas e pô-las em prática antes que venham as aves de rapina que pululam em período pré-estival como manda a tradição].

jaz.mim_tu... aqui, deixara de o ser.

à espreita de fa|c|to & gravata.

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